31 outubro, 2017

Resenha: Viagens de Gulliver

Sinopse: Este livro conta a história de Lemunel Gulliver, um médico aventureiro que abandonou sua família, na Inglaterra, para desbravar novas terras, que depois de naufrágios e tormentas, acaba aportando em terras muito estranhas. Ele vai a Lilipute, onde as pessoas não medem mais de 15 centímetros; depois chega a Brobdingnag, onde as pessoas têm a altura de torres de igreja; e vai ainda ao País dos Houyhnhnms, onde os habitantes mais importantes são cavalos, não homens.

Minha mãe comprou esse livro em uma sebo muito tempo atrás, por ele ser um clássico e ela querer muito ler, nunca dei muita bola, pois livros de aventura não são o alvo do meu interesse. Lembro que quanto assisti o filme mais recente baseado na obra (aquele que tem o Jack Black no papel principal) eu não consegui ficar até o final, achei extremamente chato! Em agosto desse ano comecei a ler esse livro e acabei desistindo, agora, em outubro, finalmente consegui terminar, mas a muito custo.

O livro é uma sátira dos diários de viagens que muitos aventureiros escreviam em 1700, o autor inventou várias viagens fantásticas a lugares que ninguém nunca ouviu falar e, constantemente ao longo do livro, faz alguma crítica aos outros livros desse mesmo estilo.
Uma das coisas que mais me incomodou foi o fato do livro não ter nenhum diálogo, nunca! É um livro puramente narrativo, o que torna a leitura muito cansativa, muitas vezes o próprio narrador diz que não quer aborrecer o leitor com detalhes inúteis, mas isso é o que ele mais faz! Claro que eu dei um desconto, pois o livro foi escrito quase 300 anos atrás e, na época, era o auge de uma aventura, mas hoje em dia se torna um pouco maçante.

Em todas as suas viagens, Gulliver analisa como o país é governado, por quem, como é a educação, a política, a saúde, o funcionamento familiar, entre outros e compara, então, com a Inglaterra, seu país natal. Nesse aspecto dá claramente para perceber que esse livro é uma crítica fortíssima, o autor apresenta realidades diferentes da sua e por meio do seu personagem se posiciona contra muitas das políticas inglesas da época, ele não faz isso de forma direta e ofensiva, mas de um jeitinho sutil e sarcástico, que torna ainda pior, com certeza esse foi um livro muito polêmico!

Vou resumir aqui as 4 viagens que Lemunel Gulliver faz ao longo da narrativa de forma separada, para que eu possa dizer melhor a minha opinião!

VIAGEM À LILIPUTE 

O primeiro país que o autor conhece é muito curioso, lá ele é um gigante no meio de várias pessoinhas que são insignificantes aos seus olhos. Os Liliputianos são uma população pequeníssima, mas muito bem organizada e que acolhe o "gigante" com muita alegria, até que se torna impossível aguentar o fato de que com o menor movimento, Gulliver é capaz de destruir prédios inteiros. Assim, ele é expulso do país e volta para casa.
Em Lilipute, Gulliver reflete sobre como a raça humana é superior, como com um único tapa toda uma população pequena poderia ser destruída pela enormidade do homem. Ele chega a conclusão de que os ingleses são capazes de dominar todo o mundo, apesar de ainda não conhecerem todos os países.

VIAGEM À BROBDINGNAG

Em Brobdingnag tudo muda de figura, o aventureiro se depara com um país onde ele é do tamanho de um Liliputiano e toda a população é gigantesca, assim, ele passa por muitas dificuldades estando a mercê da morte iminente a qualquer momento, temendo até mesmo os pequenos passarinhos. Gulliver se torna um brinquedo para a corte do país e leva uma vida humilhante, por isso ele deixa o país e leva consigo um grande ensinamento, totalmente contrário ao de sua última viagem: os homens podem ser facilmente dominados, pois existem coisas muito maiores.

VIAGEM À LAPUTA, BALNIBARBI, GLUBBDUBDRIB, LUGGNAGG E AO JAPÃO

Nessa viagem Gulliver conhece uma ilha flutuante muito interessante, a coisa que mais me chamou atenção nessa parte do livro foi a explicação que Swift deu para o mecanismo que fazia a ilha se mexer, muito semelhante à explicação da ilha misteriosa da série Lost. Acredito que os produtores da série se inspiraram na ilha mencionada no livro, mas pode também ter sido uma grande coincidência, a história menciona todos os elementos, desde o magnetismo até a "escotilha", onde homens ficam 24 horas por dia para garantir que a ilha continue flutuando (quase a mesma função do personagem Desmond, da série!). Vou pesquisar mais para saber se há algum fundamento da série no livro.

Em um dos países dominados pela ilha flutuante habitam bruxas e feiticeiros que são capazes de trzer pessoas de volta a vida por tempo determinado, assim, Gulliver tem a oportunidade de conhecer grandes figuras históricas e conversar com elas, como Platão, Sócrates, antigos reis e rainhas de dinastias perdidas, etc.

VIAGEM AO PAÍS DOS HOUYHNHNMS

Essa palavra parece estranha pra quem lê pela primeira vez, mas no contexto em que se encaixa é fácil de entender, pois tal país e dominado por cavalos, logo, Houyhnhnms é para ser lido com o som de um relincho, faz muito sentido! Nesse país cavalos dominam seres chamados Yahoos, que são muito parecido com os seres humanos, através disso Gulliver descobre como os humanos são desprezíveis e traiçoeiros uns com os outros.


MACHISMO

Não sou nem um pouco engajada com as causas feministas, evidentemente me considero uma e sou a favor dos direitos iguais, mas não me envolvo em qualquer atividade do movimento e não ligo muito pra opiniões machistas, pois acredito que não merecem a minha atenção.
Esse livro conseguiu me tirar do sério em algumas partes, eu fiquei muito chocada com o machismo explícito que existia naquela época, a maneira como o autor fala das mulheres em muitos momentos é inacreditável! Quando ouço alguém dizer que a sociedade não evoluiu nesse sentido sinto muito vontade de brigar, pois é evidente que as palavras desse autor em 1700 jamais seriam aceitas nos dias de hoje e naquela época eram o mais normal de se ouvir! Separei três trechos que me deixaram boquiaberta:

No primeiro momento, Gulliver está visitando a academia de cientistas na ilha flutuante, ele conhece dois homens que estudam a melhor forma dos homens se comunicarem entre si, para eles o mais sábio a se fazer é poupar as cordas vocais e nunca mais utilizar a forma oral de comunicação, assim todos interagiriam por meio de objetos que carregariam consigo. Resumindo, ninguém mais ia conversar. Eis as constatações do autor sobre a proposta:
"E essa invenção teria sido sem dúvida posta em prática, para maior facilidade e melhor saúde do indivíduo, se as mulheres aliadas ao vulgo e aos ignorantes não ameaçassem se rebelar a não lhes ser concebida a liberdade de falar com suas línguas, à maneira de seus antepassados; tão constante e irreconciliável inimigo da ciência é o povo." (Pág. 210)
No segundo momento vemos o autor mencionar as "doenças mentais", claro que naquela época depressão e bipolaridade não eram coisas fáceis de entender, aqui ele as considera "doenças imaginárias" e, outra vez, o autor fez uma constatação machista e infeliz:
"Além das enfermidades reais, estamos sujeitos a muitas apenas imaginárias, para as quais os médicos inventaram curas imaginárias: possuem nomes divrsos, e assim também as mezinhas respectivas, e destas andam sempre infestadas as fêmeas dos Yahoos (no caso, as mulheres)." (Pág. 290)
Por último, trago a mais absurda das citações, aqui eu realmente me senti ofendida, a escolha de palavras foi péssima. Quando Gulliver está no país dos Houyhnhnms ele investiga como é dada a educação às crianças desse país e fica surpreso ao descobrir que tanto as fêmeas quanto os machos aprendem os mesmo ofícios. A parte sublinhada é demais pra minha cabeça aguentar.
"A temperança, a indústria, o exercício e o asseio são as lições igualmente ministradas aos jovens de ambos os sexos e meu amo julgou monstruoso darmos às fêmeas um gênero diverso de educação, exceto em alguns pontos de administração doméstica, em razão do que, segundo seu justo reparo, metade dos nossos nativos não prestava para nada e o confiar o cuidado de nossos filhos a tão inúteis animais, disse ele, era um exemplo ainda maior de brutalidade." (Pág, 307) 

INFORMAÇÕES GERAIS:

Título original: Gulliver's Travels
Autor: Jonathan Swift
Ano de publicação: 1726
Gênero: Fantasia, Aventura
N° de páginas: 349
Editora: Clássicos Globo (edição de 1987)
Classificação: 3/5
Data do início da leitura: 20/08/2017
Data do término: 30/10/2017


DESAFIOS:
Livreando: Livro polêmico

Esse é o quarto livro que eu li em outubro, seguindo o Desafio Literário Livreando, na categoria "Livro polêmico", se alguém tiver interesse em saber mais é só clicar na imagem!!


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